sexta-feira, 16 de março de 2012

BACHAREL EM TEOLOGIA RECONHECIDO PELO MEC: UM DESAFIO PARA A IGREJA CONTEMPORÂNEA (PARTE II)


Prezados professores, entendemos o recado. Como bacharéis em Teologia, e reconhecidos pelo MEC, temos muito a dizer à sociedade. O nosso compromisso agora não é apenas com a igreja institucional, mas a partir desta, também com a sociedade atual; como afirma o teólogo britânico John Stott “somos sal e luz do mundo”.
A vida de Jesus de Nazaré mostra-nos como não podemos deixar de dialogar com aqueles que pensam diferente de nós. Assim disse o Dr. Paulo Roberto Gomes, “o diálogo abre portas para parcerias em tarefas comuns, para a convivência mais fraterna. Faz perceber as causas históricas das divisões e condenações, fatores de incompreensão de ambos os lados”.  
Entendemos que Teologia, segundo Karl Barth, “não pode ser feita de maneira desapaixonada”, mas com o objetivo de “superar os limites da lógica da razão moderna, apontando para a primazia do amor” e o perfeito compromisso com o Evangelho de Cristo. O teólogo tem uma dimensão profundamente teórica, mas vocacionalmente prática. Ele deve ter “Luz na mente e Fogo no coração”. Uma teologia sem espiritualidade é incompleta. Teologia também é Oração, Revelação, fogo que queima o interior. É instrumento que corrige, mas sentimento que acolhe. Não há teólogo sem espiritualidade!
Fazer teologia é pensar a fé. O ato de fé é o ponto de partida de toda Teologia. Logo, pensar a fé surge da espontaneidade daquele que crê. Por isso, Gustavo Gutiérrez diz que “a tarefa teológica é uma vocação suscitada e exercida no âmago da comunidade eclesial. Ela está a serviço da missão evangelizadora da Igreja”. Portanto, não há teólogo destituído da sua comunidade. Pois é a partir desta, que ele seguirá “os passos de Jesus, pondo em prática seus ensinamentos” e proclamando o Reino de Deus à sociedade.    

Senhoras e Senhores, encerro o discurso desta noite declamando uma poesia que retrata o anseio pelo compromisso prático com a sociedade na vida do ser humano e, por que não dizer, na de um teólogo. A autora dessa poesia é uma assembleiana. Que não é teóloga nos padrões convencionais da academia, mas trás em sua vida pública o exemplo do quanto se pode fazer teologia na vida, a partir da igreja, para a Sociedade:
            
Do arco que empurra a flecha
quero a força que dispara;
da flecha que penetra o alvo
quero a mira que o acerta.

Do alvo mirado
quero o que se fez desejado;
do desejo que busca o alvo
quero o amor por razão.

Só assim não terei armas;
só assim não farei guerras;
e assim fará sentido
meu passar por esta terra.

Sou o arco, sou a flecha;
sou o todo em metades;
sou as partes que se mesclam
nos propósitos e nas vontades.

Sou o arco por primeiro;
sou a flecha por segundo;
sou a flecha por primeiro;
sou o arco por segundo.


Buscai o melhor de mim
e terás o melhor de mim;
darei o melhor de mim
onde precisar o mundo.

(Marina Silva)


Muito Obrigado!

M.O.O.
Rio de Janeiro - RJ

quinta-feira, 15 de março de 2012

BACHAREL EM TEOLOGIA RECONHECIDO PELO MEC: UM DESAFIO PARA A IGREJA CONTEMPORÂNEA (PARTE I)


Por

Marcelo de Oliveira e Oliveira

Obs: Discurso proferido no auditório da CGADB em ocasião da cerimônia de colação de grau da turma de teologia "Karl Barth", no dia 14/05/2011.


Ilustríssimo diretor executivo da CPAD e da FUNEC, Dr. Ronaldo Rodrigues de Souza;
Ilustríssimo diretor geral da FAECAD, Pr. Marcos Tuler;
Ilustríssimo coordenador do curso de teologia da FAECAD, Pr. Germano Soares;
Digníssimos professores e formandos,
Senhoras e senhores.

Sejam as primeiras palavras deste encerramento de curso: Muito Obrigado!

Em primeiro lugar, a Deus, que na força do Espírito Santo deu-nos graça, segurança e paz; e pela sua iluminação, a inteligência e o conhecimento para laborarmos a construção do pensamento teológico.
Aos familiares (Cônjuges, Filhos e Pais) pelo apoio inestimável, o incentivo diário e por compreenderem nossa ausência em momentos importantes do cotidiano. O fazer teologia é, de fato, um exercício solitário.
Aos professores que, peregrinando conosco, apontaram o caminho sólido e autônomo da formação intelectual. Vocês desenvolveram um trabalho formidável, dando-nos demonstrações de cumplicidade no exercício do magistério.     
A direção da FAECAD, seu corpo administrativo e pessoal de apoio. As diversas tarefas realizadas pela turma Karl Barth, só foram possíveis porque vocês depositaram em nós o apoio e confiança.  
Hoje, encerramos um ciclo de aprendizado científico e de vida. Iniciado há quatro anos, este ciclo presenteou-nos momentos marcantes de parceria entre professores e alunos.  Foram muitas as trocas realizadas com os mestres: as fontes disponíveis de pesquisa, os debates em sala, os seminários. A cada teólogo que conhecíamos, ampliava-se mais nossa bagagem intelectual e éramos todos convidados a despertar o senso crítico.
Inseridos no contexto de diálogos e reflexões teológicas, nos preocupamos com o rumo que algumas comunidades eclesiásticas de nosso país tomaram. Constatamos que uma atividade acadêmica pioneira podia ser desenvolvida na FAECAD. Em 2009, junto à orientação do corpo docente; planejamos, organizamos e executamos o primeiro fórum teológico de nossa faculdade cujo tema era: “A Reforma ainda Fala?”.
Os objetivos do fórum eram claros: dar uma resposta à subversão que o evangelho vem sofrendo, facilitar o acesso da comunidade eclesiástica à reflexão teológica e aproximar a comunidade acadêmica da sociedade. Sem objetivar, portanto, qualquer interesse financeiro. Entendemos que o pensamento teológico deve ser desenvolvido e compartilhado a partir da das comunidades eclesiásticas vizinhas.
O sucesso do fórum muito nos animou! Percebemos que o corpo discente poderia contribuir eficazmente com a FAECAD. Assim, pela coordenação do acadêmico Walter Magno, foi aprovada pelo corpo discente da instituição, e em assembleia realizada no auditório do Júri, a fundação do primeiro Diretório Acadêmico de Teologia da FAECAD.  Demos o pontapé inicial desta empreitada acadêmica. Desejamos aos atuais acadêmicos da FAECAD todo sucesso à continuidade deste engajamento intelectual.
A turma de formando, Karl Barth, tem a consciência do papel pioneiro que exerceu ao longo desses quatro anos de FAECAD. Este reconhecimento não denota-nos qualquer sentimento de orgulho narcisista, mas o de ter compreendido a formação do ensino superior em Teologia como nova dimensão de responsabilidade eclesiástica e acadêmica. Dentre nós, sairão pastores, missionários, professores e cientistas da religião. Pessoas que souberam aproveitar a oportunidade desse engajamento intelectual e espiritual.