Prezados professores, entendemos o recado. Como bacharéis em Teologia, e reconhecidos pelo MEC, temos muito a dizer à sociedade. O nosso compromisso agora não é apenas com a igreja institucional, mas a partir desta, também com a sociedade atual; como afirma o teólogo britânico John Stott “somos sal e luz do mundo”.
A vida de Jesus de Nazaré mostra-nos como não podemos deixar de dialogar com aqueles que pensam diferente de nós. Assim disse o Dr. Paulo Roberto Gomes, “o diálogo abre portas para parcerias em tarefas comuns, para a convivência mais fraterna. Faz perceber as causas históricas das divisões e condenações, fatores de incompreensão de ambos os lados”.
Entendemos que Teologia, segundo Karl Barth, “não pode ser feita de maneira desapaixonada”, mas com o objetivo de “superar os limites da lógica da razão moderna, apontando para a primazia do amor” e o perfeito compromisso com o Evangelho de Cristo. O teólogo tem uma dimensão profundamente teórica, mas vocacionalmente prática. Ele deve ter “Luz na mente e Fogo no coração”. Uma teologia sem espiritualidade é incompleta. Teologia também é Oração, Revelação, fogo que queima o interior. É instrumento que corrige, mas sentimento que acolhe. Não há teólogo sem espiritualidade!
Fazer teologia é pensar a fé. O ato de fé é o ponto de partida de toda Teologia. Logo, pensar a fé surge da espontaneidade daquele que crê. Por isso, Gustavo Gutiérrez diz que “a tarefa teológica é uma vocação suscitada e exercida no âmago da comunidade eclesial. Ela está a serviço da missão evangelizadora da Igreja”. Portanto, não há teólogo destituído da sua comunidade. Pois é a partir desta, que ele seguirá “os passos de Jesus, pondo em prática seus ensinamentos” e proclamando o Reino de Deus à sociedade.
Senhoras e Senhores, encerro o discurso desta noite declamando uma poesia que retrata o anseio pelo compromisso prático com a sociedade na vida do ser humano e, por que não dizer, na de um teólogo. A autora dessa poesia é uma assembleiana. Que não é teóloga nos padrões convencionais da academia, mas trás em sua vida pública o exemplo do quanto se pode fazer teologia na vida, a partir da igreja, para a Sociedade:
Do arco que empurra a flecha
quero a força que dispara;
da flecha que penetra o alvo
quero a mira que o acerta.
Do alvo mirado
quero o que se fez desejado;
do desejo que busca o alvo
quero o amor por razão.
Só assim não terei armas;
só assim não farei guerras;
e assim fará sentido
meu passar por esta terra.
Sou o arco, sou a flecha;
sou o todo em metades;
sou as partes que se mesclam
nos propósitos e nas vontades.
Sou o arco por primeiro;
sou a flecha por segundo;
sou a flecha por primeiro;
sou o arco por segundo.
Buscai o melhor de mim
e terás o melhor de mim;
darei o melhor de mim
onde precisar o mundo.
(Marina Silva)
M.O.O.
Rio de Janeiro - RJ